No dia 16 de abril de 2021, silenciou-se a voz mais importante do GELIM. A professora doutora Marisa Rosâni Abreu da Silveira, fundadora e líder deste Grupo de Estudos e Pesquisas em Linguagem Matemática, faleceu vítima de um câncer que havia descoberto em 2019. Marisa, como carinhosamente era chamada pelos seus orientandos e colegas de trabalho, foi uma dedicada professora que doou parte de sua vida para a construção de uma educação qualidade.
As reflexões de Marisa sobre o papel da linguagem matemática no ensino, influenciaram fortemente aqueles que com ela entravam em contato. Sua trajetória acadêmica iniciada em 1976, quando entrou para os cursos de Licenciatura plena em Matemática e de Licenciatura em Ciências, cessou, na prática, em fevereiro de 2021, quando participou de uma banca de defesa de Tese na Faculdade de Educação da USP- FEUSP. Embora estivesse passando por um sofrido tratamento de quimioterapia, não deixou de se dispor a colaborar com aqueles que acreditavam que suas ideias e experiências podiam contribuir efetivamente para os seus trabalhos: ela havia aceitado o convite para participar de mais uma banca de doutorado que acorreria no dia 06/05/2021, mas, infelizmente, a doença foi mais forte do que o seu desejo de contribuir para o crescimento das pesquisas em Educação Matemática.
Com seu afastamento para fazer tratamento em sua cidade
natal e por conta da pandemia, as conversas entre Marisa e seus pupilos e
pupilas se reduziram às mensagens em grupos de aplicativos de conversas. Foi lá,
quando fomos avisados de sua internação, que lemos suas últimas palavras. E
vindo de Marisa, não poderíamos esperar outra coisa: “Não abandonarei vocês”.
Essas palavras nos transmitiram força, mas também uma preocupação, pois soaram
como uma despedida. E foi. Três dias depois chegava a terrível notícia: Marisa
não estava mais entre nós.
Suas últimas palavras aos seus orientandos e orientandas estão
carregadas de significados. Será que ela teve em mente que aquele seria o
último contato conosco? Será que seu coração estava cheio de confiança de que
voltaria daquela internação? Não sabemos e nunca teremos como saber. Mas isso
não importa. Como aprendentes da filosofia de Wittgenstein, a qual ela era apaixonada,
entendemos que o que ela pensou quando escreveu não determina o sentido do que
ela disse, mas foi o que ela disse e nas circunstâncias em que disse, ou seja,
o jogo de linguagem é que determina o sentido do que disse. E esse jogo nós
conhecemos.
Fica aqui o nosso adeus, com o coração apertado! Mas fica também as boas lembranças e o grande legado que nos deixou. Obrigado, Marisa!
Marisa, PRESENTE!